quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Não te amo

Não te amo com o coração, na verdade nunca amei ninguém com o coração, não é exclusividade sua. Da mãe a você, passando por todos os parentes no meio disso, você não é a única a ser amada apenas com a cabeça. E com o estômago também, órgão muito mais sincero sobre amor. O frio dá na barriga, a gastrite é da ansiedade de saber do sim ou do não, a falta de fome é quando você vai embora e o vômito vem quando a notícia não é nada boa, assim como encho a barriga quando estou feliz e satisfeito ao seu lado.

Amo com a cabeça sim, amo com o intelecto, com o juízo, deixar o coração decidir é um erro, pois o coração é cego, e burro. Amo, a todo mundo que amo de verdade, com a cabeça, pois é uma escolha, não muito lógica, mas certeira e não prejudicial para nenhuma das partes. Pois amor pressupõe cuidado e atenção mútua, carinho e respeito, portanto o coração não pode ser capaz desse tipo de coisa. O coração é levado por paixões, fogos de artifícios, imagens sedutoras e toda sorte de propaganda é capaz de iludir o pobre coitado. A cabeça não, ela é capaz de passar por cima da ilusão, consegue saber onde o mágico faz o truque e até perceber quando o diabo quer sua alma.


Então amo com a cabeça, com todos os bilhões de neurônios do meu corpo, com a força do meu cérebro, com a potência de minha inteligência e com a profundidade de toda minha literatura. Amo com toda a capacidade cognitiva que possuo, pois só assim posso apreender o tamanho da beleza que é amar. E não é exclusividade sua eu amar assim, amo da mãe a você, passando por todos os parentes que amo, mas apenas você, a mãe, o pai, o irmão e alguns poucos contados nos dendritos me deixam com o estômago feliz.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Amar é coisa

Amar é coisa sem reservas. Em casa você tem um botijão de gás reserva, um garrafão de água mineral sobressalente, um outro rolo de papel higiênico, no trabalho o backup dos arquivos, a outra caneta, dois blocos de nota, um segundo pendrive, mas no amor não. Bocetas, rolas, cus, existem aos montes, outras bocas, outros corpos, mas outro amor não. Você não ama igual, cada amor é um, sem reservas, sem comedimentos, sem vergonhas. Não existe o outro sobressalente, isso é no trabalho onde todo mundo é substituível, mas na vida pessoal, no arrepio que sobe pelo pescoço, no sorriso que desarma, na ereção repentina, no cheiro único de um perfume encontrado em qualquer loja temperado com o suor daquele único corpo não há substituições.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Era isso, ela tinha o melhor boquete de toda a cidade. Minha rola já conheceu muitas bocas. Com dentes, sem dentes, apenas língua. Murcha, grande, maquiada, com batom vermelho e com batom preto. Com cárie, branca depois do clareamento, depois de um freegells, depois de um pirulito, mas nenhuma, nenhuma boca superava a forma como ela engolia meu pau. A conheci como conheci diversas outras, por amigos de amigos, a gente conversou um bocado na primeira noite, depois trocamos número de telefone e nos bandeamos para um bate papo mais íntimo, pelo celular, sem ouvidos alheios ao redor. Trocamos fotos pelados e insistia em querer foder sua boceta, mas ela, puritana toda, dizia que antes do casamento não. Caralho eu pensei, de onde vem esse tipo de alienígena? Lá pelos meus quinze ainda tinha quem dissesse isso, mas agora, no alto de meus trinta anos, não havia mulher a dizer isso. Aí eu me ouriçava todo e perguntava, como tu me manda essas fotos deliciosas mas não quer dar? A resposta simples, isso não tira cabaço. Porra mulher e agora como a gente se resolve? Fácil, te dou meu cu. Ah cu não, isso é coisa de viado, se eu quiser cu pego um fresco qualquer daqui e enrabo. Então deixa eu te chupar e tu desiste fácil da minha boceta. Eu ri, ri muito, embolei de rir no sofá assistindo guardiões da galáxia. Eu disse só se tu vier agora e me convencer. Não deu meia hora ela estava na minha porta, num carro alugado, não era táxi, transporte particular pago, carona on line. Vocês sabem o nome. Mandei subir, ela entrou e nem me deu boa noite, me empurrou contra o sofá, puxou cueca abaixo e fez o que nenhuma mulher tinha feito, nem as putas mais caras me fizeram gozar tão bem. Caralho que boca era aquela. Ela me chupou três meses, nove dias e vinte e seis minutos, depois disso sumiu. Porra! Desde então broxo em todos os boquetes. Nenhuma, nenhuma mulher mesmo tem aquele poder, acredito que Lovelace era uma amadora perto dela.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

ela fodia como uma psicopata
sem remorso
sem história
pensando na próxima foda
sem limites
sem regras
gozando na minha rola

ela me devorava todo
me enfiava todo
em todos os lugares
não era acrobata
não tinha talentos circenses
ela apenas me fodia todo

me comeu
me cuspiu
me usou
caralho como corro atrás dela
ela me olha e diz
você não é de nada

amo a liberdade sexual dos tempos novos
é uma delícia dar liberdade
e assim receber liberdade também

se todas as mulheres fossem tão sem pudor
quanto essa devoradora o é
seríamos um mundo muito mais feliz

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Perdi o caminho de casa e acertei um bar. Acabei de dizer que perdi o caminho de casa e acertei o caminho de casa. Casa é o bar, a outra, onde tem aquele monte de porcaria que comprei, é um depósito. Acertei a casa e errei o depósito. Saí da loja de departamentos com fardas, livros, contrabaixo, videogame para o cabaré. Eita porra, cabaré não, igreja, onde tudo o que é mais sagrado dorme. Na verdade a casa é onde mora nosso coração, acho que tem um livro famoso e abestalhado dizendo isso em algum lugar. Meu coração mora dentro de um copo e a garrafa é o corpo onde guarda meu sangue bombeando qualquer merda alcóolica responsável por manter o raciocínio ativo. Mas eu comecei falando que errei o caminho de casa e acertei o do bar. Deixa então dar loop infinito nesta merda. É isso dentro do bar, você pede um vinho e depois da terceira garrafa de vinho parece que ela fica enchendo sozinha, o líquido seca e sobe seca e sobe seca e sobe seca e sobe secoapihiofanisanofgaouhfmkam foifh oiafhiaof oisfioas f e aí já é de manhã. Você paga uma conta superfaturada e não sabe mais como contar o troco e o dono do bordel diz que o táxi tá caro mas a roupa tá suja quando você não está na sua casa e é noite merda sai daqui caralho desce outro copo e uma hora você tá sóbrio de novo e o céu não está mais rosa e desce outra dose pode ser desta merda e acho que alguém já escreveu assim antes e você erra o caminho de casa e acerta o do bar. Na verdade. Bem, caralho com a verdade.


quinta-feira, 21 de maio de 2015

História Desdita

Agora contarei a história como ela foi. Acredito que você não deva ser como a maioria das pessoas que acreditam naquilo que ouvem pela primeira vez, ou lêem. Você deve ser das que sabem muito bem como é a história: quem conta a versão “verdadeira” é o vencedor. Pois minha narração a partir das próximas linhas é a verdade sobre a melhor mentira contada desde a criação do universo. Não, não é exagero meu, já que fui o derrotado e nunca tive o direito de me defender.
Você já deve ter ouvido falar de como perdi o paraíso. Agora já sabe quem sou ou preciso ser mais explícito? Deixe-me lhe dar mais dicas. Fui o primeiro anjo criado por deus, logo após o universo ganhar forma física eu ganhei forma espiritual. O mais iluminado dentre todos, o mais belo, o mais sábio, portanto, o mais invejado pelos outros e benquisto pelo criador, esse que se diz o senhor de toda a verdade. Como todos já ouviram da boca dele, e de seus pobres profetas, eu caí por desejar tomar o trono do reino dos céus junto com toda a obra da criação. Isso é pura balela.
Lembro como hoje como aconteceu de verdade. Naquele tempo eu era o braço direito do criador, fazia tudo o que ele me pedia sem questionar por ele ser meu pai. Numa das minhas andanças pelo cosmos conheci uma outra filha dele, uma anja linda chamada Néfer, a criatura mais doce e cândida de toda existência. Apesar dela ser minha irmã não seria crime algum querer desposá-la por meu desejo ser amor, não tesão. Cortejei sua beleza durante uma eternidade e meia. Antes da criação da Terra consegui seu coração e a permissão de meu amaldiçoado pai para casarmos. Foi a celebração mais linda já vista, inclusive o criador foi o padrinho.
Nossos primeiros séculos de convivência foram perfeitos, nosso romance causava comoção nos mais rechonchudos querubins do céu. Foi justamente quando ele começou aquilo que seria o meu fim. A Terra era seu projeto mais ambicioso, há muito tempo vinha arquitetando toda a construção do lar para sua obra prima: o homem, segundo ele dizia a época. Apoiei sua decisão de colocar em marcha a construção do planeta, fiz todo o necessário, encomendei a entidades dos cantos mais longínquos do universo tudo para a realização máxima de sua onipotência. E como secretária tomei minha esposa por ela ser organizada e paciente! Como seus gestos me encantavam!
 Assim que se iniciaram as obras a minha esposa passou a trabalhar em horário integral para evitar qualquer desencaminho da obra. Por isso ele me pediu para ficar em seu lugar no céu, de forma provisória. Nessa época Gabriel era meu melhor amigo, assim como ainda é.  Tomamos rotineiramente um chá da tarde aqui no inferno, ou na Terra às vezes. Discutíamos durante muito tempo sobre diversos assuntos e alimentávamos a curiosidade de como seria a Terra quando estivesse terminada. Cada um no paraíso tinha um palpite do resultado final.
Eventualmente Gabriel ia a Terra para ver como andava o processo e voltava para me dizer as boas novidades. Até o dia onde me trouxe péssimas novas. Lembro muito bem de nosso diálogo.
- Lúcifer você confia muito em sua esposa não?
- Mas claro que sim Gabriel, que tolice sua perguntar algo desse gênero!
- Então você não vai acreditar em uma palavra do que vou lhe dizer, apesar de sermos muito amigos.
- E o que você teria para contar sobre ela? Néfer é a mais pura criatura do universo, não existe nada que se passe na cabeça de minha esposa que soe com um pingo de malícia.
- Não foi isso que vi quando fui a Terra essa tarde. Tenha certeza Lúcifer sua esposa entende de malicia muito mais que qualquer outra criatura conhecida.
- O que você está dizendo? – levantei-me do trono com as mãos trêmulas e os lábios secos – Me diga o que está insinuando!
Gabriel engoliu a saliva e soltou:
- A vi com nosso pai lhe traindo, prefiro nem contar o que faziam, nem eu tenho tanta imaginação.
Não acreditei no que ouvia, não poderia, era a mais pura mentira, mas como ia conseguir dormir até tirar aquela história a limpo?
- Lúcifer, sou muito seu amigo e odiaria mentir ou vê-lo triste. Como sei que não consegue acreditar nisto façamos um trato, desça até a Terra e sorrateiramente procure-os, terá certeza ao ver.
Prontamente aceitei a sugestão de meu fiel amigo. Com minhas belas asas voei pelo infinito desejando ser aquela história uma mentira maior que o espaço ao meu redor. Caminhei pelo novo mundo em construção, alguns vulcões aqui e ali fabricando a fumaça que viria a criar a atmosfera, em outros cantos se viam grandes lagos que seriam um dia os oceanos e mares, brotos no chão formariam as florestas e tudo existente hoje ainda era feto naquela época. Meu pés erravam pelo chão calcáreo e vulcânico, meus braços tremiam contra o vento cortante da insalubre Terra.
Num canto afastado do planeta vi meu padrinho de casamento, com a traidora, fodiam-se, faziam dos corpos um réquiem para meu amor. Maldita! Gritei para ver em seus rostos o horror da descoberta. Desgraçada! Bradei. Sem olhar para trás voei novamente para o céu afim de juntar meus amigos, o ódio me consumia. Meu maior desejo era matá-lo, era violentá-la até a morte. Desejava sangue e carne dos dois ardendo numa enorme pira consumindo meu ódio até o fim dos tempos.
Entrei no paraíso com o inferno em meu coração, juntei as cortes celestes. Exaltei-os. Contei da traição, contei da desgraça em que se encontrava o Éden, alguns me seguiram. Pegaram suas espadas, suas armaduras e escudos, me seguiram, vieram junto comigo às portas do criador. Lá estava ele com seu partido a me ofender, a inventar calúnias que aumentavam ainda mais meu ódio.
- Mentiroso! – gritava contra ele – você matou o que de mais belo já nasceu em mim! Junto com essa miserável eu enterrarei todo o meu amor!

Lutamos. Suas legiões contra as minhas. Durante eras ficamos a nos digladiar. Por fim perdi o combate como todos sabem, mas não de forma tranquila, descemos ao fosso, feridos, humilhados e esquecidos durante muito, muito tempo. Ainda recebia visitas de Gabriel. Secretamente ele me ajudou a sair do buraco onde estava caído com os outros, ajudou-me a erguer essa morada onde hoje o recebo para nossas animadas conversas. Naquele tempo ainda, meu amigo me contou o que estava acontecendo, Néfer havia engravidado do meu falecido pai, sua gravidez já estava avançada, eles não sabiam o que fazer para esconder dos outros a verdade inconveniente. Em um ato de genialidade ele a mandou para Terra alegando que estava em uma santa missão: deveria engravidar de um homem para assim levar a mensagem de amor necessária a humanidade. Dessa jogada nasceu o seu filho mais amado, o meu maior inimigo: Jesus, filho de uma traição, filho de Maria.

segunda-feira, 18 de maio de 2015

O movimento

Há um aspecto belo no movimento dos corpos, todo o desejo e sensualidade fluem de maneira única. Os movimentos, o contato,a sensibilidade é algo que torna o momento do toque um conjunto de sensações perfeitas. Os lábios, as mãos, as pernas. Os quadris movem-se nas linhas do tempo, seguem o ritmo de uma música de prazer. Os corpos, grandes lares do prazer, sabem que é iminente, sabem o que desejam. Não há movimento puro, apenas libido e beleza.