terça-feira, 28 de janeiro de 2014

O Vaidoso entrevista: Piloto Automático


Domingão a tarde lá no bar A Sede, na Rua Tomazina, Bairro do Recife, entrevistei a banda Piloto Automático, abaixo segue no que deu nosso papo.
Se preferir ouvir ao invés de ler dá o play macaco:



1 – Boa tarde galera da Piloto Automático, vocês são a terceira banda que passa por aqui pelo Vaidade e gostaria de saber o porque do nome de vocês. É algo que pergunto a todo mundo, pois o nome geralmente está ligado a identidade da banda.

Tomáz: A história desse nome é um pouquinho complicada, tem uma história bem engraçada assim. Antes de ter um nome a gente já era uma banda, a gente não montou a banda já pensando num nome não, a gente tava tocando há um tempo e aí rolou o primeiro show. Aí chegaram pra gente “E aí pô, qual é o nome da banda de vocês?”, a gente “Porra...” nem tinha nome ainda aí Pedro, o baterista, chegou “Não, é Piloto Automático”, saiu na hora tá ligado? “Agente porra véi, Piloto Automático”, aí até hoje ficou o nome.

2 – Vocês estão no trabalho de divulgação do 1º EP, como é fazer isso na cena independente pernambucana?

Rangel: Bicho é complicado, é tipo você lutar numa guerra sabendo que nunca vai vencer, mas você luta. A gente faz o que pode, a gente usa a internet, usa outros meios de tecnologia, temos nosso próprio website, fazemos a divulgação através de amigos. Imprimimos, conseguimos fazer as cópias dos CDs, CD físico, distribuímos da melhor forma possível. Desse jeito que rola. No boca a boca também, falando com os amigos e tal, etc.

Tomáz: Tentamos fazer todos os materiais da melhor forma possível, assim, tentando do melhor nível que a gente pode, dentro de nossa capacidade e nosso orçamento financeiro.



3 – Vocês tem influência do stoner, mas percebo outras linhas de rock ali no som de vocês. Quais são as principais influências da banda?

Tomáz: As influências da gente são muitas, desde Luiz Gonzaga, do baião, até do stoner, do Queens (of the Stone Age), do Kyuss e várias outras bandas, até do Pixies também que já é uma outra linha.

Rangel: A gente tem assim além das bandas da Califórnia, do stoner californiano, do Kyuss, Brant Bjork, Queens of the Stone Age, a gente tem influências de rock alternativo norte-americano tipo Sonic Youth, Pixies e de rock clássico também, Black Sabath, Led Zeppelin. Apesar dessas influências algumas delas não estarem tão claras assim no som da banda a gente tem uma forte influência. De bandas nacionais a gente tem como influência acho que um pouco de Nação Zumbi, que também não tá tão claro no som da gente. Zephirina Bomba, que é uma banda punk de João Pessoa e punk rock old school, tipo Black Flag, Bad Brains, coisas desse tipo, Melvins, banda importante do rock alternativo de Seattle.

Tomáz: Assim, o que a gente pensa é que as músicas da gente são bem abrangentes, tipo não pode estar influenciando, pode não estar tão claro agora, mas nas músicas que estão vindo já pode estar mostrando mais, tá ligado? E assim vai.

4 – Quem vê um show de vocês vê muito experimentalismo no palco, com umas guitarras bem pesadas. Quais são os elementos, ideias e timbres, que vocês buscam mostrar para o público?

Tomáz: Bicho a gente tenta mostrar o que vem na cabeça, assim, as vezes a gente escuta uma coisa legal de uma banda, as vezes a gente tá tomando uma e vê o céu azul, acha aquele céu legal e tenta retratar isso tá ligado? Não é uma coisa que tá ligada só na música, assim, a gente tenta retratar o dia-a-dia da gente. Tudo.

Rangel: E também vem da vontade da gente de tirar um som experimental no sentido de diversificar o som da banda, não só ficar aquela coisa limitada ao stoner, às guitarras em tom mais grave. Assim, o máximo que a gente puder fazer para diversificar o som tá valendo.



5 – Gostei bastante da música de trabalho Estrada Deserta, ela foi feita para alguém em especial ou para alguma situação vivida?

Rangel: Bem, muitas pessoas pensam que essa música é pra alguém, pra alguma mina, pra alguém. Não. Na verdade eu vou entregar aqui o grande segredo dessa música, pelo menos uma parte dele. Essa música foi influenciada por um filme, chamado Corrida Contra o Destino, é um road movie, é um filme que foi feita a primeira montagem nos anos 70, 1971, e tem um remake de 97, o nome dele original em inglês é Vanish Point. Narra a história de um ex-policial, que é ex-guerrilheiro do Vietnã, ex-piloto de corrida, que ele depois que é expulso da polícia ele assume um emprego de entregador de carros, ele transporta, ele sai cortando as highways norte-americanas pra entregar os carros. Só que um belo dia ele faz uma aposta de levar um carro, qual é o carro? Acho que é um Dodge 70 do Colorado a São Francisco em um dia, só que um certo, determinado, momento da estrada ele ultrapassa o limite de velocidade e começa a ser perseguido pela polícia rodoviária americana aí começa a se desenrolar a história. No filme acontecem várias coisas, cenas de ação, de perseguição, de romance e a trilha sonora é bem rock’n’roll. Aí assim, na verdade a ideia de Estrada Deserta foi a de colocar, fazer, uma letra meio obscura com umas coisas misteriosas numa canção meio pop, com a melodia pop, na verdade a tentativa da música é essa. E tem umas coisas misteriosas ali que só quem escuta vai ter que desvendar por si só.

6 – Há bastante entrosamento no palco, no cd, entre vocês, fica claro isso quando a gente assiste o show. Há quanto tempo já rola essa história chamada Piloto Automático e qual a maior realização como banda?

Tomáz: A gente tá junto desde 2007, como power trio, e a partir de 2008 com Zurk(Rangel), o guitarrista, o outro guitarrista, como quarteto, foi a melhor adição que a gente podia ter feito e bicho acho que a maior coisa que a gente fez na banda foi lançar o EP, porque atualmente isso é uma coisa difícil, que a gente passou por todas as etapas e sabe que pra conseguir é ralação. Porque a gente lançou o EP assim, do jeitinho que a gente queria, exatamente do jeito que a gente queria, prensado, aí realmente foi uma ralação forte. Lançou o clipe também, tudo no faça você mesmo tá ligado? Tudo foi a gente que fez, desde a arte do CD até o clipe. Tudo no clipe foi a gente que fez, tudo no CD, tudo, tudo, tudo.

Rangel: Também assim, pessoalmente, minha maior realização é tocar com esses caras. Com Alfredo, com Tomaz e com Pedro, assim, eu tô disposto a tocar com eles em qualquer lugar, qualquer palco, qualquer local, contanto que o som esteja bom e a gente consiga transmitir a mensagem da gente, aí tá valendo.



7 – Ao vivo vejo muito material que não entrou no EP, são composições que vem surgindo no decorrer dos shows e existe alguma previsão para gravar esse material?

Rangel: Bem, as composições surgiram em meio a um ensaio e outro. As vezes cada um faz uma parte em casa, chega com a demo, mostra no estúdio, aí os outros completam. É mais assim, a gente tenta sempre deixar bem claro nos shows assim, passar honestidade das músicas da banda. Basicamente é isso.

Tomáz: Uma coisa que foi legal assim na banda da gente é que a gente pensa música vinte e quatro horas por dia, sempre pensando na banda. Às vezes eu tô na faculdade e tô pensando na banda, tipo pô eu acho que ficaria massa uma música assim, tanto Rangel, quanto Alfredo, quanto Pedro. Pedro as vezes tá conversando com a gente, tá batucando, sempre pensando em alguma música nova, sendo que o que impede muito, as vezes, é a oportunidade de gravar mesmo. Porque assim, música a gente produz até muitas, sendo que nem sempre a gente tem o tempo nem a oportunidade de conseguir gravar todas, aí por isso a gente se planeja bem pra conseguir dar andamento a banda, porque não pode parar, tem que continuar gravando, lançando coisas.

8 – Agora a pergunta final que faço a todo mundo que entrevisto: qual o conselho para quem quer montar uma banda e tentar a vida no meio musical?

Rangel: Primeiro você tem que encontrar os caras que tem a mesma afinidade musical que você. Segundo: você não precisa ser perfeito, não precisa ser músico formado, mas assim, você tem que ensaiar bastante pra quando você tocar ao vivo as pessoas verem que você é bom, que você toca com paixão, é isso que vai fazer as pessoas prestarem atenção em você. Na verdade o conselho que eu dou é esse e sempre ser fiel e honesto ao som que você quer fazer, nunca ir na onda de modismos, de nada. Faça você mesmo.


Tomáz: Exatamente, acho que assim. Tudo o que Rangel falou foi perfeito e correr atrás bicho, ter perseverança, ter vontade mesmo, porque muitas vezes a pessoa desanima. Agora se você gostar do que você faz não desanime não. Corra atrás, faça, tipo, muitas coisas que a gente fez pra banda a gente não sabia fazer. Fazer um clipe, fazer site, mas a gente aprendeu, correu atrás, aprendeu pra conseguir fazer. Muita coisa se a gente não corresse atrás não faria, sendo que a gente correu atrás e fez. Então é isso, é vontade de fazer o que gosta. Porque fazendo o que gosta, você tem motivação pra conseguir fazer o resto.

Se quiserem saber mais sobre a banda acessem o site deles. Abaixo está o clipe da música Estrada Deserta para atiçar a curiosidade.

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