quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Nerdando

Tem uma moda nerd por aí pregando o seguinte: eu jogo videogame, curto tecnologia, uso uns óculos, suspensórios e leio HQ, sou nerd. Velho num é esse o caminho de ser nerd. O nerd é aquela pessoa muito estudiosa que saca uma porrada de coisa ligada a teoria, clássicos, e muito conhecimento. O nerd mesmo é uma pessoa com muito saber acumulado, se ele joga videogame ou não, se usa umas roupas transadas ou não isso é outra coisa. Se a pessoa não tem gabarito intelectual para sustentar uma conversa de duas ou três horas sobre assuntos dos mais variados ela não tem nenhuma chance de ser chamada de nerd.
Esse mito do nerd introvertido é coisa do passado, conheço uma penca deles, são pessoas altamente inteligentes e muito bem relacionadas, conseguem interagir socialmente com qualquer ser humano. O único estereótipo que cabe no nerd é esse: ser extremamente informado, o mais é acessório. Não adianta tentar estereotipar além disso, é o mesmo afirmar todo rockeiro ser alcóolatra, ou toda patricinha ser burra, ou todo funkeiro ser burro. O que tem de funkeiro ganhando dinheiro em cima desse estereótipo não dá nem pra contar.
Portanto estereotipar é o atestado de burrice e cegueira social mais forte existente. Não dá para criar padrões comportamentais fixos para os seres humanos e se jogar dentro deles como verdades absolutas e inabaláveis. Esse erro é muito comum quando estamos buscando nossa identidade separando os diferentes e agregando os semelhantes. No passar da idade e das experiências se percebem muitas coisas além dos padrões criados por nossas necessidades de separação, catalogação e mapeamento da fauna humana.
Quando coloquei nerdando ali em cima peguei uma expressão usada por mim e alguns amigos para o ato de pensar, pois nerdar é pensar assim como funkear é o ato de dançar, suingar, musicar e podemos trazer para o bem tudo aquilo que taxamos como maligno, errado, e tirar algo de bom dali de dentro. Assim me peguei pensando em como são fracos nossos estereótipos, como são limitados quando pegamos a grandeza das formas de viver do ser humano. Dentro de uma cidade grande como Recife podemos observar tantos e imensos grupos sociais entrelaçando-se, fudendo-se, vivendo-se, matando-se. A fauna humana que nos cerca é impressionante, rica e maravilhosa para ficarmos dentro de mundinhos hermeticamente lacrados.
Procure observar as pessoas ao seu redor, as formas de pensamento delas, como resolvem de forma diferente os mesmos problemas pelos quais passa. Um exemplo pelo qual todo mundo passa: levar uma gaia. Porra, Reginaldo Rossi construiu uma carreira em cima das gaias, já outras pessoas cortaram os pulsos ou pularam de prédios, outras fizeram de conta não ver o ocorrido e continuaram com a pessoa traidora, e assim podemos enumerar uma grande variedade de reações ao mesmo problema. Vale salientar que dentro de um mesmo estereótipo a reação é diferente, cada nerd vai reagir de um jeito à gaia, e vamos ter bregueiros, funkeiros e etc reagindo de formas diferentes dentro de seu grupo mas de forma ampla com reação igual a alguém de outro grupo. Por isso estereotipar é perigoso e errado.
Um exemplo, vimos semanas atrás um pequeno grupo muçulmano invadir um jornal francês e enfiar bala em todo mundo na redação. Foi errado? Sim claro que foi, mas olhando o nível das charges deles o ódio gerado de certa forma tem cabimento, não matar, saliento que matar nunca é alternativa, mas geraram muito ódio. Representar o profeta dos muçulmanos de rabo pra cima com o cu a mostra é foda. Essa imagem que citei não foi a televisionada, se você se preocupar em procurar na internet as charges verá que existem inúmeras charges desrespeitosas com a religião alheia. Nem por isso iremos dizer que todos os muçulmanos são violentos, agressivos, cegos, tapados e vingativos, sabemos, como pessoas inteligentes que somos, apenas uma pequena parcela deles serem tão radicais e a maioria quer apenas viver em paz e bem.

Portanto criaturas pensantes analisem ao seu redor, sempre leia os dois lados da notícia e evitem a porcaria do estereótipo como tento diariamente.

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