Dinheiro é
fundamental para qualquer coisa. Conheço uma penca de gente capaz de se
contorcer, fazer careta e ter calafrios ao ouvir, ou ler, a frase acima, mas é
uma verdade. Toda experiência humana passa por algum tipo de troca entre
objetos de valor, porém o dinheiro foi eleito pela maioria da humanidade como o
principal facilitador dessas trocas. Precisamos do dinheiro para praticamente
tudo em nossa existência, pouquíssimas faces de nossa vida escapam a essa
realidade. O amor não é uma delas, a amizade não é uma delas, as relações
familiares não fazem parte do que escapa. Tento pensar qual faceta de nossas
vidas está completamente dissociada do dinheiro, do capital. Nosso nascimento
exige o pagamento de maternidades e toda a alimentação dos noves meses,
portanto há dinheiro envolvido. “Mas meu parto foi em casa, de forma humanizada”,
ótimo, você é um dos poucos, mas sem dinheiro não há banheira/bacia/recipiente
para a água. Foi uma parteira, você argumenta, bem, ela pode não ter uma
comissão sobre cada nascimento, mas sempre damos um “agrado”, além do mais
precisamos do quarto, da cama e de uma penca de utensílios que em última
instância precisam do dinheiro. Então não há escapatória. Na fase escolar
podemos estar em instituição pública ou privada, vamos precisar de dinheiro
para material escolar, na privada mais que na pública, mas ainda assim não tem
pra onde correr. Atualmente na escola pública o estado dá tudo, cadernos,
livros, mochilas, fardas e por aí vai, porém as canetas acabam, as fardas se
gastam, os cadernos são utilizados até o fim e será necessário repor, ou por
pura vaidade para não “usar caderno do governo”.
A medida que
avançamos em nossa idade mudam as necessidades, mas o dinheiro sempre estará
ali para mediar nossa relação com o mundo, o grande problema disso tudo é o
seguinte: a desigualdade gerada pelo acúmulo do dinheiro na mão de poucos e a
ausência dele para tantos. Se houvesse uma regulação, a imposição de tetos nada
estratosféricos aí sim começaríamos a pensar uma sociedade mais equilibrada.
Até para se fazer revolução é necessária uma fonte de renda. Um dos caras
responsáveis por pensar muito bem isso através do livro Clube da Luta admite
ali no miolo da história a necessidade de um patrocínio, adquirido através de
chantagem, nesse caso nada imoral em vista das práticas da empresa com o
consumidor. Não adianta nada fazer planos para novas primaveras sociais se não
há uma fonte de renda que sustente a revolução, ou o nome que você quiser dar.
Os revolucionários precisam comer, foder, se armar, se defender, beber, fugir,
reagrupar, planejar e nada pior para uma revolução do que ser incapaz de
sustentar as necessidade básicas dos companheiros.
Você deve
estar pensando ser esse um texto de ode ao capital, muito pelo contrário, essa
forma deturpada de relações sociais, estabelecidas graças ao sistema econômico,
me enoja. Esse texto é no intuito de abrir os olhos daqueles que lutam
cegamente contra o capital e tudo criado por ele. Esse tipo de gente cai no
erro de acreditar em uma humanidade incapaz de pensar em conforto físico e
material. Estamos há milhares de anos nos desenvolvendo para chegar ao ápice do
conforto e do ócio, toda nossa busca é para estarmos no máximo de comodidade
possível. Nossa batalha atualmente é colocar na cabeça das pessoas a capacidade
de perceber até onde é conforto e quando passa a ser luxo e coisas
desnecessárias. Não peço para sermos miseráveis onde a comida de amanhã é
incerta, peço para criarmos consciência suficiente para perceber o dinheiro
como ferramenta de vida e não causa última de nossa existência como nos é
apregoado diariamente pela grande/média/pequena mídia. Para onde nos virarmos
veremos estímulo ao consumo, seja ela do grande Popstar ou do obscuro artista
indie, todas as cadeias produtivas se voltam para fazer-nos gerar dinheiro e
deixar naquilo vendido para nós como a grande maravilha da arte, da música, da
tv ou a merda sabor prazer do momento.
Amigo o
dinheiro foi desenvolvido para facilitar trocas comerciais, trocas incialmente
de alimentos, roupas, ferramentas, vestimentas e demais necessidades básicas,
posteriormente ele foi ganhando corpo e poder, seu acúmulo tornou os detentores
de grandes quantias senhores da vida terrena, tudo se pode com dinheiro, é
indubitável. Podemos ver os grandes veículos de comunicação, eles são capazes
de convencer as pessoas de qualquer coisa, basta colocar a notícia da forma
“correta” e pronto já estamos catequizados como querem. Quem são os queredores?
São os riquíssimos empresários, os detentores do capital excessivo, os capazes
de dar os rumos da sociedade, porém o desejo deles é apenas enriquecer mais e
mais. Quais os nossos?
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