quinta-feira, 5 de março de 2015

Dinheiro é Fundamental


Dinheiro é fundamental para qualquer coisa. Conheço uma penca de gente capaz de se contorcer, fazer careta e ter calafrios ao ouvir, ou ler, a frase acima, mas é uma verdade. Toda experiência humana passa por algum tipo de troca entre objetos de valor, porém o dinheiro foi eleito pela maioria da humanidade como o principal facilitador dessas trocas. Precisamos do dinheiro para praticamente tudo em nossa existência, pouquíssimas faces de nossa vida escapam a essa realidade. O amor não é uma delas, a amizade não é uma delas, as relações familiares não fazem parte do que escapa. Tento pensar qual faceta de nossas vidas está completamente dissociada do dinheiro, do capital. Nosso nascimento exige o pagamento de maternidades e toda a alimentação dos noves meses, portanto há dinheiro envolvido. “Mas meu parto foi em casa, de forma humanizada”, ótimo, você é um dos poucos, mas sem dinheiro não há banheira/bacia/recipiente para a água. Foi uma parteira, você argumenta, bem, ela pode não ter uma comissão sobre cada nascimento, mas sempre damos um “agrado”, além do mais precisamos do quarto, da cama e de uma penca de utensílios que em última instância precisam do dinheiro. Então não há escapatória. Na fase escolar podemos estar em instituição pública ou privada, vamos precisar de dinheiro para material escolar, na privada mais que na pública, mas ainda assim não tem pra onde correr. Atualmente na escola pública o estado dá tudo, cadernos, livros, mochilas, fardas e por aí vai, porém as canetas acabam, as fardas se gastam, os cadernos são utilizados até o fim e será necessário repor, ou por pura vaidade para não “usar caderno do governo”.
A medida que avançamos em nossa idade mudam as necessidades, mas o dinheiro sempre estará ali para mediar nossa relação com o mundo, o grande problema disso tudo é o seguinte: a desigualdade gerada pelo acúmulo do dinheiro na mão de poucos e a ausência dele para tantos. Se houvesse uma regulação, a imposição de tetos nada estratosféricos aí sim começaríamos a pensar uma sociedade mais equilibrada. Até para se fazer revolução é necessária uma fonte de renda. Um dos caras responsáveis por pensar muito bem isso através do livro Clube da Luta admite ali no miolo da história a necessidade de um patrocínio, adquirido através de chantagem, nesse caso nada imoral em vista das práticas da empresa com o consumidor. Não adianta nada fazer planos para novas primaveras sociais se não há uma fonte de renda que sustente a revolução, ou o nome que você quiser dar. Os revolucionários precisam comer, foder, se armar, se defender, beber, fugir, reagrupar, planejar e nada pior para uma revolução do que ser incapaz de sustentar as necessidade básicas dos companheiros.
Você deve estar pensando ser esse um texto de ode ao capital, muito pelo contrário, essa forma deturpada de relações sociais, estabelecidas graças ao sistema econômico, me enoja. Esse texto é no intuito de abrir os olhos daqueles que lutam cegamente contra o capital e tudo criado por ele. Esse tipo de gente cai no erro de acreditar em uma humanidade incapaz de pensar em conforto físico e material. Estamos há milhares de anos nos desenvolvendo para chegar ao ápice do conforto e do ócio, toda nossa busca é para estarmos no máximo de comodidade possível. Nossa batalha atualmente é colocar na cabeça das pessoas a capacidade de perceber até onde é conforto e quando passa a ser luxo e coisas desnecessárias. Não peço para sermos miseráveis onde a comida de amanhã é incerta, peço para criarmos consciência suficiente para perceber o dinheiro como ferramenta de vida e não causa última de nossa existência como nos é apregoado diariamente pela grande/média/pequena mídia. Para onde nos virarmos veremos estímulo ao consumo, seja ela do grande Popstar ou do obscuro artista indie, todas as cadeias produtivas se voltam para fazer-nos gerar dinheiro e deixar naquilo vendido para nós como a grande maravilha da arte, da música, da tv ou a merda sabor prazer do momento.

Amigo o dinheiro foi desenvolvido para facilitar trocas comerciais, trocas incialmente de alimentos, roupas, ferramentas, vestimentas e demais necessidades básicas, posteriormente ele foi ganhando corpo e poder, seu acúmulo tornou os detentores de grandes quantias senhores da vida terrena, tudo se pode com dinheiro, é indubitável. Podemos ver os grandes veículos de comunicação, eles são capazes de convencer as pessoas de qualquer coisa, basta colocar a notícia da forma “correta” e pronto já estamos catequizados como querem. Quem são os queredores? São os riquíssimos empresários, os detentores do capital excessivo, os capazes de dar os rumos da sociedade, porém o desejo deles é apenas enriquecer mais e mais. Quais os nossos?

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