terça-feira, 24 de março de 2015

Whiplash - Recomendação da Semana

Primeiro vou falar de minhas impressões do filme: karatê kid da bateria, com algumas ressalvas. É interessante como é colocada a obsessão do baterista em ser o melhor do mundo. Ele treina, treina e treina. Esse excesso de treino é a grande diferença entre ele e o karatê kid, o baterista já tinha uma bagagem prévia e se esforça para ir além de seus limites. A grande sacada é: não existe dom, mas sim exercício, treino, prática, preocupação em saber fazer bem feito, sem preguiça, sem má vontade. Como diz a personagem de J.K Simmons em uma frase espetacular: There are no two words in English language more harmful than “good job”. Traduzindo: Não existem duas palavras mais nocivas na língua inglesa do que “bom trabalho”. Isso não se aplica só à musica, mas a tudo. Você elogiar um preguiçoso, um incompetente, um que faz o serviço de qualquer jeito. Nesse momento onde a frase é dita está acontecendo um diálogo fundamental entre Neyman e Fletcher, as chaves mestras do filme.
Para quem conhece música de verdade, sabe de onde ela vem e para onde a miserável vai. Nada mais prejudicial do que esperar genialidade de um ser que nunca pega no instrumento e quer colher os louros da fama. Por pior que seja a música de um Michel Teló, Luan Santana ou Calypso o bom músico reconhece: todos esses estudaram muita música. Por incrível que pareça, o tal do Psy tem carteira de músico e é formado em conservatório, ele apenas escolheu ganhar dinheiro e para isso só é fazer música babaca para o povo ignorante de processo criativo e com a tradicional preguiça de pensar e ouvir.

Da mesma forma funcionam as empresas privadas de grande porte: elas contratam os melhores, com muita prática e exercício, pagam pouco para eles e fazem parecer para a grande massa que aquilo é simples e qualquer um em algum momento iluminado é capaz de produzir a mesma qualidade de material e serviço. Whiplash me fez perceber isso com muito mais clareza: a boa música vem de muito exercício. Mas uma coisa básica do meio artístico Whiplash omite: boas amizades colocam em evidência, ou até no sucesso, músicas de péssima qualidade.
No filme o espectador acompanha a luta de um músico para ser reconhecido e alcançar a excelência em execução para poder ficar no mesmo patamar dos gênios e ídolos do estilo musical selecionado como seu. Assistindo você até pensa: basta ser muito bom e praticar o suficiente, Deus dá a graça, mas se levado a sério se percebe que não há Deus, nem graça, existe sim uma grande chance de se decepcionar, uma chance maior ainda de dar errado todo o plano e que o talento não existe de fato, só a vontade de crescer e continuar é verdadeira.

Antes de encerrar queria só ressaltar algo extremamente notável: a trilha sonora do filme é foda. Escuto quase todo dia pela qualidade das músicas e a preocupação com um material de primeira linha. Raros os filmes hoje capazes de juntar músicas coerentes com a história e ainda assim ser interessante de se ouvir, posso citar alguns filmes aqui como Onze Homens e um Segredo, Sucker Punch, Guardiões da Galáxia, A Onda, Juno, Scott Pilgrim e Pulp Ficiton. Portanto se não gostar do filme sugiro que pelo menos pare para ouvir a primorosa OST(Original SoundTrack). Logo mais farei um post sobre OSTs.

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