O filme é muito foda! Esse é o
resumo do filme inteiro em apenas uma frase, mas abaixo vou explicar direitinho
porque disse aquilo ali.
A trama se passa na Terra em um
futuro onde a comida está acabando e quase todo mundo virou fazendeiro, os
demais se ocuparam com profissões que auxiliam essa atividade. Uma praga está
devastando todas as plantações do planeta, extinguindo tipos básicos da
alimentação tais como cereais, legumes, verduras e tudo o mais. A última
espécie que ainda resiste é o milho, mas após a praga conseguir eliminar essa
espécie vegetal irá consumir o oxigênio e todos morrerão asfixiados. Então um
engenheiro, e ex-astronauta, é convocado para uma última missão, colonizar um
dos três planetas encontrados em missões anteriores e assim levar os último
sobreviventes da Terra para lá e continuar com a espécie, como pragas se
espalhando pelo universo. Bem, até aí tudo normal num é? Mas a grande sacada do
filme é ele ter sido feito para fãs de ficção científica que realmente sacam de
ciência, relatividade, teoria das cordas e coisas afim. Ao assistir você fica
impressionado com as sacadas onde uma descida a um planeta e retorno a nave em
órbita levam vinte e três anos, mas os tripulantes da nave exploradora, que foram
ao planeta, sentiram passar apenas uma hora e um pedaço. Outro momento é quando
o astronauta principal, que agora esqueci o nome, fica preso num espaço onde as
quatro dimensões são fisicamente palpáveis, criando assim uma quinta dimensão
onde as três dimensões normais, o tempo e tudo isso junto são fisicamente
modificáveis. Esse astronauta pode ir e vir pelo tempo como se atravessasse uma
sala de uma casa de uma ponta a outra e com a capacidade de interferir na
realidade utilizando-se de “cordas”. É impressionante a preocupação com a
teoria dos buracos negros e as suposições das coisas que podem ser encontradas
dentro dele. As quase três horas do filme pareceram poucos minutos para mim de
tão bem estruturado em matéria de ficção científica. Fazia tempo o cinema pedia
um filme que respeitasse a inteligência dos fãs de ficção, porque aquela
besteira de Star Wars é até legal, mas muito pobre se comparado a Neuromancer,
Blade Runner, a Trilogia da Fundação e a reais escritores de ficção. No final
do filme quando o astronauta acorda, olha pela janela do hospital e não há céu,
apenas um chão contínuo formando um imenso tubo orbitando Saturno é a cópia
fiel do momento em que o Decker de Neuromancer vai ao espaço com a Samurai das
Ruas. Se você estão sentindo falta dos nomes dos personagens citados eu lamento
mas eu não vou “googlar” a informação, vou usar minha memória e você que
procure ler os livros, assistir os filmes e aprender física quântica. Por falar
em física quântica a viagem espacial do filme é pautada em hipersono, animação
suspensa e buracos de minhoca, todas são teorias atuais que estão sendo
seriamente estudadas nos laboratórios e grandes centros de pesquisa pelo mundo
todo. Vou só explicar algumas coisas para clarear se você é um iniciante na
área.
Buraco de minhoca é uma espécie
de fenda espacial que liga dois pontos extremamente distantes no espaço. Um
exemplo bem básico é o mesmo que a porta da sala da sua casa de um lado fosse
realmente sua casa, aqui no Brasil e do outro lado, quando você atravessasse,
saísse em uma rua do Japão. Cientistas buscam formas de criarem artificialmente
esse buraco de minhoca para podermos atravessar grandes distâncias espaciais
com economia de tempo e combustível. O nome buraco de minhoca tem a ver com o
tamanho dessa fenda espacial: é atômica.
Recomendo muito assistir esse
filme para se iniciar nos segredos ocultos da boa ficção científica e depois
procurar esses livros, e filme, que citei acima.
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