
A medida que ele avança sobre
essa análise, utilizando outros autores de peso, vai adentrando os séculos
seguintes até os recentes anos oitenta, sempre mais rápido, o fluxo de criação
e destruição e criação se tornam mais intensos e a necessidade do novo se faz
mais e mais forte a cada momento, tanto no livro, quanto na nossa realidade.
Essa obra não é nem um pouco distante do nosso cotidiano, talvez seja difícil
sua linguagem para aqueles não habituados a leituras um pouco mais complexas, mas
não chega nem perto do hermetismo de Sartre ou Michel De Certeau. Ele aponta os
principais germes das transformações do mundo, mas a palavra que poderia
sintetizar este livro é: inquietação. O ser humano nunca está satisfeito, ele
nunca chega no auge, nunca está pleno, as coisas sempre deixam a desejar,
sempre fica aquela sensação do inacabado.
Se procura ampliar sua capacidade
de perceber o mundo e entender essas recentes, e estupidamente aceleradas,
mudanças do mundo, este livro se torna quase leitura obrigatória, não é
totalmente obrigatória porque algo do qual não é opção livrar-se não serve. Ajuda
a entender a importância da rua como centro de movimentação social e como é
interessante, para o poder constituído, destruir a rua para matar as
possibilidades de contato. As redes sociais não têm a mesma força da rua, pois
pouco adianta uma convulsão dentro da internet se ela não toma forma física,
não apresenta o poder destruidor e avassalador das massas motivadas.
Ler esta obra nos faz mergulhar
dentro de uma sensação de fragmentação, de dispersar-se, faz-nos querer correr
para o mundo lá fora e fazê-lo nosso, torna-lo o lugar pelo qual acordamos e
pelo qual vale arriscar o pescoço para impedir certos abusos de quem detém o
poder econômico e acredita reger plenamente o mundo.
Então vamos à rua!