terça-feira, 11 de março de 2014

Frevo

Agora que acabou o carnaval vamos retomar nossas vidas. Voltaremos a passar o resto do ano, e o começo do próximo, sem colocar frevo para tocar em nenhum dia. Não escutaremos esse ritmo “pernambucano” em momento algum, será apenas de sexta a quarta de cinzas, como todo ano. Porque é assim? Porque dizemos que esse ritmo é nosso e não o ouvimos diariamente como a tantos outros ritmos das terras vizinhas e distantes? Esse ritmo não é nosso, apenas no carnaval. A imagem do frevo está associada ao carnaval, lamento por isso, mas assim a maioria pensa. Muitos nem gostam da música. Mas quando toca ninguém procura ouvir o novo produzido pelos nossos artistas, ainda estão saudosos de frevos que já eram saudosos quando criados. Muita gente dentro das universidades estuda frevo, mas essa muita gente da universidade é pouca dentro da sociedade. Escuto frevo “fora de época” porque realmente gosto, é algo meu e de outros poucos que conheço. Como entender um ritmo ser nosso e não estar tocando nas rádios durante o ano todo? Como admitir sermos da terra desse estilo tão original e não sabermos quem compôs o Frevo na Chuva ou o Passo de Anjo? Quem são Spock e Formiga? Não sabemos responder não é? Então se envergonhe de se dizer pernambucano, ou não, pois nossas escolas não ensinam essa cultura a nossos alunos, apesar da disciplina Cultura Pernambucana estar lá, nossos alunos não sabem quem são essas figuras, ou essas músicas. É vergonhoso um estado ter um patrimônio musical desse e não estimular sua ampla disseminação, mais vergonhoso ainda é que as pessoas saibam ser estilo musical nosso e não fazerem questão de ouvi-lo. Gastamos dinheiro e tempo com tanto de fora e não dedicamos nenhum tempo ao frevo. Somos realmente muito incompetentes em desenvolver cultura, em nos expandirmos, pois é como estar em casa e não saber quais cds ocupam nossa estante ou mp3 enchem nossos aparelhos de reprodução de música.

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