Eu não acredito na arte, não
acredito em protesto. Acredito apenas que o capital compra tudo. Tenho andado
inquieto pensando nisso com muita frequência, sem muita vontade de ir pra rua e
procurar respostas. Sei que não as encontrarei aqui, dentro desta casa, dentro
de meu corpo, de minha cabeça. O mundo do lado de cá, longe da arte, da poesia,
dos movimentos sociais, me faz acreditar não existir nada além de
casa-ônibus-trabalho-ônibus-casa. É seco e estéril, é sem verdade, sem mentira,
é apenas uma forma de ganhar dinheiro para se manter. Mas e a arte? O que é o
artista? Ele precisa de dinheiro? Sim precisa, como todo mundo. Ele precisa se
manter? Sim, ele precisa, como todo mundo. Então quando a arte é autêntica e
quando ela é apenas uma forma de ganhar uns trocados para a sobrevivência? Por
isso não acredito em arte, acredito que o capital compra tudo. É muita
insatisfação, talvez até remorso por não
ter me jogado no mundo, me largado em todos os lugares que pude. Mas penso
sozinho, será meu pensamento hoje diferente daquele caso houvesse andado por
aí, a esmo, vivendo “como artista”? Não sei responder. Não acredito em
inspiração, não acredito em tendências, acredito apenas no trabalho. Mas qual
trabalho? Como posso lhe explicar? É mais ou menos assim. Um artista para
chegar ao ponto do reconhecimento ele deve ser alguém com muito conteúdo, com
muita formação, alguém capaz de agregar muita informação, digerir e comunicar
de uma forma completamente sua. Mas isso muitos fazem, porém como saber o que é
autêntico e o que é forjado? Como diferenciar o fruto da pura arte do fruto
daquilo comprado pelo capital? Pois todos precisam comer e morar, dormir e se
drogar. Não sei no que acreditar, pois arte é crença, cama, sexo e vazio.
stante ou mp3 enchem nossos
aparelhos de reprodução de música.
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