segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Existe Arte?

Jackson Pollock

Acredito estar ficando chata essa minha implicância com a arte, principalmente com os artistas. Me pergunto se existe arte da forma como ela é tratada. E como ela é tratada pela população de um modo geral e alguns artistas iniciantes? Consideram que ela está em um patamar divino, de inspiração, de algo especial, como se fosse algo de outro plano que entra nesse através de pessoas iluminadas por algum canal desconhecido. Isso não é verdade, o artista é um trabalhador como qualquer outro, não é um vadio esperando apenas investimento público através de editais para poder sobreviver, ele é alguém que precisa se especializar para poder viver de seu ofício, ou ser apenas um peão do mundo das artes. Respondo a pergunta desse texto dizendo: sim, existe arte, mas não como algo especial e separado do comum, do corriqueiro.

Quero apresentar esse ponto de vista: a arte é algo corriqueiro e fruto de muito esforço individual da pessoa chamada artista. Aquele ser capaz de produzir poesias fantásticas, capazes de tocar no mais íntimo das pessoas, ou o músico que, conscientemente, faz suas melodias no intuito de alcançar a maior quantidade de pessoas. O artista é um trabalhador, um operário, um como qualquer outro, não há nada de especial nele. Mas rapaz, você está menosprezando a arte! Não estou, e digo isso por saber o quanto a pessoa sua para chegar a ser capaz de desenhar uma história em quadrinhos na linha de Sandman, Turma da Mônica, Calvin e Haroldo e tantas outras que gosto de ler, o tempo gasto em cima de folhas de papel para extrair traços coerentes com a imagem mental da personagem, a preocupação com o roteiro, os quadros, a sequência narrativa, tudo isso. Mas me diga onde isso é diferente de levantar uma casa, dirigir um ônibus ou limpar as ruas da cidade? Nem um pouco diferente. O quadrinista, o músico, o pintor, assim como o motorista, o gari e o pedreiro, devem ser capazes de executar bem seu serviço, sua profissão, seu ofício para não morrerem de fome. Mas a arte tem um propósito maior! Tem mesmo? Acredito ser ela fruto de vaidade, egoísmo e outros valores nada nobres. O que é a arte senão a paixão de um homem e a capacidade desse homem de utilizar-se de uma “linguagem artística” para colocar suas ideias no mundo? Assim como o economista utiliza-se de uma linguagem para expor sua paixão e impor suas ideias, ou pelo menos apresenta-las ao mundo. Você acredita mesmo que há diferença entre o trabalho de um cantor e o de um professor quando ambos são apaixonados pelo que fazem?

Então arte existe sim, mas ela é uma atividade de sobrevivência e de paixão como qualquer outra profissão. Existem diversas pessoas que trabalham apenas para comer, comprar uma televisão nova ou ir ao jogo de futebol de seu time, mas pode perguntar a elas quais suas paixões e que profissões gostariam de exercer e aí você verá a semelhança dela com a de um artista profissional. Aquele que trabalha no que não gosta para sobreviver é igual ao artista amador, ele não tem força de vontade suficiente para se dedicar a sua paixão e abdicar de tudo para vive-la. Os melhores em suas profissões são os mais apaixonados e mais dedicados a ela.

Nenhum comentário:

Postar um comentário