quarta-feira, 15 de maio de 2013

A Cidade Navio



Ouço muito o povo aqui, quando chove, reclamando que o trânsito engarrafa, a cidade enche, para onde se vai é água. Primeiro ponto: é natural ao chover a única vista para todos os lados ser muita água, mesmo a chuva caindo por trinta minutos, pesada, com aquele formato retilíneo como rachuras, então não adianta muito reclamar né? A chuva está caindo e pronto. Se alaga o problema é da chuva? Não, claro que não, ela vem do céu e quer espaço para se colocar sobre o solo, como todo concreto e piche são impermeáveis ela fica por cima dele mesmo. Ah, mas existem as canaletas, os bueiros e os sistemas de escoamento. Oi? Existe? Com a população, de rico a pobre, jogando tudo no chão, entupindo tudo? Há um sistema superlotado de lixo, com restos de toda a má educação de nossa população, lembre-se, quando me refiro a população falo do pobre lascado sem um centavo no bolso até o ricaço filho da puta com milhares de cédulas virtuais em sua conta bancária, todo mundo é povo e população, e todos sofrem da má educação, pois quando a cidade alaga ela não escolhe bairros, desde Espinheiro, Torre, Graças e Aflitos até Barro, Estância, Areias, Boa Vista, Coque, não há distinção de riqueza pois a má educação perpassa todos. Então não reclamem do governo quando a cidade alagar, ou você vê vereadores e prefeitos saindo de seus gabinetes para despejarem seus lixos nos canais, rios, canaletas, esgotos, bocas de lobo? Não podemos reclamar de nosso governantes enquanto for generalizada essa prática de colocar nas ruas a garrafa vazia da água que tomamos, a lata de refrigerante, cerveja, plástico da coxinha, do mac donalds, do subway, de onde quer que seja. Seremos obrigados a comprar jet skis, iates, lanchas, carros anfíbios e viver numa cidade navio enquanto nossa má educação persistir.

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