terça-feira, 16 de abril de 2013

O Vaidoso entrevista

Boa noite vaidosos, resolvi ao invés de apresentar a banda com algum comentário meu a própria banda falar e como já ia trazer para vocês a Carvana do Delírio perguntei a Matheus, o vocalista e baixista, se ele concederia essa entrevista, abaixo vocês têm a resposta:

Boa noite Caravana, acredito que boa parte de meus leitores não conheça o trabalho de vocês então gostaria de começar pelo básico: porque o nome Caravana do Delírio?

Começamos a banda muito novos, em 2007, tínhamos 16 anos e ainda estávamos no ensino médio. Lembro que eu e Danilo, que fundou a banda comigo na época, curtíamos muito os primeiros discos do Barão Vermelho com Cazuza. Essa fase do Barão era das nossas maiores referências nacionais de rock de garagem sujão com letras boas, coisa que admirávamos e queríamos fazer parecido. Também tínhamos aquela ideia infantilóide e romantizada da figura do roquestar, de ficar famoso e viver bêbado fazendo merda, que eles também refletiam um pouco. Lendo o Só as mães são felizes, biografia de Cazuza, vi que ele chamava de Caravana do Delírio a veraneio onde passeava com os amigos quando já estava bem doente, saía inclusive acompanhado das enfermeiras. Me chamou atenção o contraste irônico do nome com a situação que ele estava, achei a Caravana do Delírio sonora e divertida, e ela ficou na minha cabeça. Na semana do nosso primeiro show ainda não tínhamos decido como a banda ia se chamar, daí, durante um recreio na escola, o produtor do show ligou pra nós infernizando porque tinha que imprimir os ingressos e pra isso precisava do nome da nossa banda. Depois de muita deliberação desastrosa, sugeri que deixássemos A Caravana do Delírio para depois pensar com calma em alguma coisa melhor, o que obviamente não aconteceu. Na época a gente era um tanto resistente ao nome, achávamos meio ridículo, confundiam com banda de brega. Hoje em dia eu gosto e acho que reflete bem o nosso espírito, fico feliz de ter pensado nele.

Sobre a música Sistema Nervoso, lembro que participava da comunidade de vocês no Orkut e comentei que iria para o show para ver principalmente essa música e um dos fãs comentou que vocês não eram uma banda “one hit wonder”, havia algum medo de ser conhecido apenas por essa música?

Às vezes eu fico assustado com isso enquanto compositor, porque minha música que ficou mais famosa foi ‘Oops coloquei uma foto sua pelada na Internet’, que gravei com Os Gutembergs, outra banda que tive no Rio de Janeiro. Não que ela não funcione de certa forma como música-piada, mas está dentre as coisas mais idiotas que eu já escrevi, e é também a única música que fiz doidão na minha vida inteira. Ficou relativamente conhecida por ter sido tema do filme Cilada.Com. Mas enquanto banda, acho que isso nunca passou pelas nossas preocupações. Em primeiro lugar porque nenhuma música da Caravana ficou ‘conhecida’, estamos muito longe de atingir o número de pessoas que pretendemos. E o público tem outras canções preferidas no nosso repertório, não só Sistema Nervoso. O Romântico em Mim, Vou Embora para o México e Hino Vegetariano, por exemplo, são outras que o pessoal costuma pedir nos shows e cantar junto.

Quem ouve os dois EPs percebe uma sonoridade bem diferente entre um e outro, houve um amadurecimento musical na concepção de vocês ou foi uma questão de sons ouvidos durante a criação de cada um que deu um norte diferente para o resultado final?

Quando gravamos o Glamourosa Comédia Pop, em 2009, éramos muito inexperientes. Escolhemos um estúdio ruim, gastamos uma grana alta e o resultado ficou muito distante do que imaginávamos. Na época do Delirium Tremens já sacávamos muito mais da coisa, tanto da parte de arranjo como de gravação. Não gastamos quase nada, gravamos em homestudio e o som tem muito mais qualidade. Além disso, no segundo também exploramos bem mais estilos diferentes, que se deve ao fato de termos ampliado nossos horizontes musicais também.

Quem vem sempre procurando informações sobre vocês percebe que há uma grande circulação pelo meio independente, vocês poderiam nos apontar quais as principais dificuldades de circular fora do “grande circuito” da música?

Atualmente temos encontrado dificuldade para gravar nosso primeiro álbum de estúdio, um disco de estréia profissional mesmo. É muito caro, o preço de um carro, e hoje quase não existe mais iniciativa privada para lançar novos artistas independentes. Ou se tira do bolso ou se aprova um edital. Estamos correndo atrás da segunda opção... 

Pelo que vi já ganharam diversos prêmios nessa trajetória de 2007 para cá, mas de tudo o que aconteceu qual pode ser considerado o maior êxito ou maior realização para a banda?

Creio que ter o MySpace mais visitado do Brasil na semana de lançamento do Delirium Tremens e tocado junto com Wander Wildner foram as coisas que mais marcaram.

O nome “Delirium Tremens” que batiza o 2º EP é sintoma de um estágio avançado do vício em bebidas, é algo ligado a algum dos membros ou tem mais uma questão de conceito do EP por trás disso?

O Delirium Tremens é um dos delírios mais pesados que alguém pode ter, precisávamos reverenciá-lo de alguma forma em algum momento.

A minha música preferida do 2º EP é a bem humorada Hino Vegetariano, criticar com bom humor é a forma que acreditam ser mais fácil para atingir o público e informar ou apenas humor mesmo sem o intuito crítico?

É tudo muito espontâneo. Na verdade o processo de composição da banda é bem centralizado, as composições são todas minhas. O trabalho de arranjo e estruturação das músicas (bota um refrão a mais, um verso a menos, etc) é que feito em conjunto. Tenho o cuidado sempre de manter o apelo universal nas letras e escrever de forma clara para que todos possam se identificar à sua maneira. Mas no final das contas as canções falam sobre mim, que é a única coisa sobre a qual eu acredito ter propriedade para falar. Quando escrevi o Hino Vegetariano, por exemplo, eu estava sem comer carne há um ano, aquilo fazia parte do meu universo, fiquei brincando com as palavras e saiu. Demorei muito tempo com ela engavetada, inclusive, porque achava imbecil, tinha vergonha. Hoje, ironicamente, é uma das músicas que o nosso público mais gosta e é um grande trunfo na hora de tocar pra platéias desconhecidas, porque pega de primeira. O que quis dizer com isso tudo, na verdade, é que nunca tive nenhuma pretensão de criticar e muito menos informar. Até o próprio humor muitas vezes também não sai intencionalmente. Vou Embora para o México, por exemplo, na minha cabeça era uma música melancólica e muitas pessoas riem quando escutam. 

Para fechar a primeira entrevista aqui do blog, qual o conselho para aqueles que desejam montar uma banda e se aventurar no meio?

Não façam isso, já existem banda demais. 

Para quem se interessou, ficou curioso, ou gosta de novidade mesmo acessem aqui e me digam o que acharam do som deles.

Abração!

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